quinta-feira, abril 22, 2004
Curriculum Vitae
Após um convite de um dos frequentadores deste bar deicidi inscrever-me neste site polémico e sem falinhas mansas. Pensei logo "porque raios é que me iriam convidar para um site destes" e após reflectir durante meia hora (sim sou o tipico português lerdo), analisei a minha pessoa, as minhas qualidades e defeitos (mais defeitos que outra coisa, como bom português) e a vida em geral até este ponto.
Neste momento posso dizer que me sinto tristemente feliz como português num Portugal decapitado. Tenho trabalho o qual está ligado à televisão (optima opurtunidade para saber os podres por detrás dos bastidores), tenho namorada (coitada), e vivo à conta dos meus pais (sim, sinto-me um puto mimado a caminho dos 30 e não me queixo). Mas, e o meu passado? Quais os recalcamentos que fizeram a pessoa que sou hoje para infelicidade de muitos e felicidade de poucos? Poderia escrever aqui um testamento cheio de peripécias tristes que foi a minha juventude, mas decidi resumir a poucas linhas. Ora bem, como sempre fui um pouco para o "forte" (sim, gordo) imaginam o meu historial com as moças, passando pelas tampas e humilhações, tristezas e frustrações, enfim, uma longa lista de experiências que me fizeram a certo ponto pensar que um dia quereria ser padre!!! Sim, entregar-me a Deus e passar o resto da minha vida em adoração ao nosso grande criador. Em vez disso entreguei-me ao alcool e a algumas drogas (não muito fortes). Foi quase uma troca justa já que se formos a pensar bem, acabei por passar um tempo nos céus à mesma, a voar que nem um pardal e a pensar que o mundo era perfeito (ou não). Mas os tempos de aviador passaram, cai na realidade e vivo sóbrio neste Portugal dos pequeninos, sim porque aqui a únicas coisas grandes são o Euro2004, o caso Casa Pia, o Apito Dourado (nome interessante, imagino se fosse um julgamento com xulos e prostitutas) e todas os gordos e gordas deste país (incluindo eu). E viver sóbrio na calamidade que é este país é quase um inferno! Tanta ignorância, estupidez e maus condutores tanto durante a semana como fim-de-semana (não nos podemos esquecer dos domingueiros), stressa mais que ouvir o patrão a dizer barbaridades durante algumas horas. Ou seja mesmo antes de ir para o trabalho o stress já existe. É como se fosse uma preparação para o inevitável. O destino é cruel. Mas mesmo assim os portugueses não desistem e continuam a procurar a felicidade em actos saudosistas e praticamente sádicos. Sim, porque se nós temos orgulho em sermos portugueses e temos esperança que um dia isto tudo vai melhorar, é porque gostamos sem dúvida de sofrer. Enfim, penso que já vos fiz sofrer demais com esta conversa da treta toda, embora acredite piamente que vocês também são bons portugueses e gostam de sofrer! Vivam nós, Viva Portugal e viva o Marquês de Sade por existir e devido a isso mesmo ter dado à vida a expressão que nos define por excelência. Bem hajam!
